sexta-feira, 27 de agosto de 2010

BACKUP MENTAL – O INSIGHT QUE FALTAVA!

Ando em crise, numa boa, nada grave. Mas ando em crise com o meu computador e a internet. Ligo o meu personal computer, vou direto no Microsoft Word e espero a inspiração vir. Nada. Ela não está vindo, me deixando ansioso e preocupado com o destino do meu blog, dos meus estudos, da minha carreira que ainda dá seus primeiros passos, curtos, porém ousados. Talvez seja informação demais para processar, meu cérebro pode estar dando pane e em breve um “ctrl-alt-del” será inevitável. Talvez sejam preocupações pessoais com relação às inúmeras mudanças na minha vida que estejam arrastando minha criatividade para o Oiapoque, enquanto eu fico solitário no Chuí. Tudo bem, tudo bem, estou avaliando a possibilidade de estar ficando apenas neurótico, mas isso é só uma hipótese, nem tão relevante assim. Afinal, loucura depende do ponto de vista do observador e minha posição é, no mínimo, tendenciosa. Por favor, neste momento o amigo leitor precisa tomar uma decisão: ou pare, ou leia até o fim.

Estou deixando minha querida cidade Natal, em que vivi por meus completos 18 anos. Sim, estou parecendo meu bisavô falando, mas o fato é que foi neste lugar que experimentei a primeira parte da minha vida, da meninice, até o jovem que aqui está. Foi nesta cidade que passei meu primeiro trote telefônico, que aprendi a andar de bicicleta, que dei o meu primeiro beijo. Foi nesta cidade que me apaixonei e achei que era para sempre, mas esse sempre era tão curto quanto um breve suspiro. Foi aqui que chorei por me decepcionar com falsas amizades, que quebrei a cara diversas vezes para aprender a dar valor aos conselhos de minha mãe, que aprendi definitivamente o valor incomensurável de Deus na minha vida. Aqui chorei ao ver bons amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foi aqui que passei noites em claro, ora estudando pra prova, ora ouvindo a programação romântica chamada Love Night na estação de rádio local, pensando num amor às vezes tangível, outras tantas utópico. Enfim, foi nesta cidade que eu comecei a entender o que é viver. Há tempos eu sei que aprender a viver não é uma coisa fácil. É um longo processo que perdura por toda à nossa existência. O aprendizado é diário, progressivo, e está por toda parte, em cada detalhe, mesmo que aparentemente insignificante.

Fique calmo amigo leitor, o parágrafo anterior foi apenas um descarrego filosófico dos meus pensamentos no papel, ou melhor, na folha branca do meu editor de texto. Não um “descarrego” espiritual-televisivo com sal grosso e sim uma espécie de desabafo dos meus sentimentos, ou seja, - um backup mental. Sim, também tive muitos problemas e inúmeras decepções nesta cidade, mas tudo contribuiu para a formação do ser humano que sou. Foram perdas e ganhos, entretanto, se eu pesar na balança da vida, acredito que foram mais alegrias que tristezas.

Esse imbróglio mental agrava meu problema com o computador e a internet. Fico aqui sentado e só consigo “viajar na maionese”(essa expressão ainda existe? Estou ficando velho...). Começo a escrever algumas palavras, mas o pensamento vai longe e a preguiça mental toma conta de mim. Entro no Orkut para dar uma distraída e ver se consigo alguma inspiração nos mais diversos nomes de comunidades, mas só consigo me irritar com o servidor capenga que parece ter algum problema pessoal comigo. Já desiludido recorro ao meu amigo, o “todo-poderoso” Google, que “tudo sabe”. Frustração total! Podemos achar qualquer informação com apenas um clique, mas o problema está exatamente nisso, o fato é que não só podemos, como achamos tudo em um só clique. A internet está tão sobrecarregada de lixo virtual, informações inúteis, incompletas, incorretas, que fica difícil achar alguma coisa realmente útil.

Sem sucesso em minha busca por inspiração on-line, volto para a folha em branco do Microsoft Word. Paro, penso, reflito... São tantas informações, nos jornais, na internet, no mundo à minha volta. Muita notícia, poucas idéias. Muitos acontecimentos, pouca criatividade. Nossa, acho que estou confuso... Isssso!! Bom, essa expressão eufórica de idéia brilhante poderia ter sido “Batata!” ou mesmo “Eureca!”, mas tudo me parece um tanto quanto antiquado e brega. Mas brega está na moda, ou a moda é brega, ah sei lá, então escolha você a melhor forma de expressar o insight que eu tive. Opa, claro, insight, essa é uma boa palavra. Pronto! Tive um insight, uma boa idéia.

Porque não escrever sobre o fato de eu não estar conseguindo escrever algo? Escrever sobre essa minha crise com o computador e a chata da internet poderia ser legal! Aproveitaria e incrementaria o texto com a agravante dos meus devaneios mentais em decorrência das mudanças na área pessoal. Isso poderia ser a volta do velho Jovem Colunista(ops, o paradoxo não foi intencional!).

Não. Isso não daria certo. Quem iria ler uma coisa dessas? Provavelmente outros já tiveram essa idéia, não é nada extraordinário ou sensacional. Vou alugar um bom filme, pegar um bom livro e me trancar no quarto, meu refugio secreto. Talvez a hora em que eu me distrair e parar de pensar em ter que escrever alguma coisa, o texto flua naturalmente e “a crise”, enfim, passará.

Cayo Matheus Ferro.
(Janeiro de 2006)


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